A causa como a cura da doença era atribuída às divindades. Esse conceito já está presente nas obras de Homero e de Hesíodo, criadores dos mais antigos textos literários gregos conhecidos. A capacidade de curar era um dos atributos sobrenaturais de muitos deuses. Hoje esta divindade está relacionada aos médicos.A medicina era para ser uma das mais belas profissões. Esta exige de seus profissionais humildade no trato com o ser humano. Mas estes ao conseguir curar um paciente e, assim, salvar-lhe a vida, sentem-se como Deuses. Não acredito que médicos salvem vidas. A batalha contra a morte é, desde sempre, perdida. Mas o exercício da medicina pode prolongar a vida e promover alívios para o sofrimento. E estas possibilidades, por si, já valem uma vida.
Mas o problema dos médicos-deuses é criar a expectativa de que a medicina poderá nos livrar de todos os sofrimentos e da morte. Eles difundem a crença de que é possível um conhecimento total sobre o corpo humano e aquilo que o condiciona. Se algo deu errado, foi por falta de conhecimento. Não há lugar para o desconhecido, para o acaso na matemática dos médicos infalíveis. Eles opõem conhecimento total à ignorância e vida à morte. Uma derrotará a outra.
Médicos, como no passado se ocuparam os sacerdotes, estão encarregados de dizer o que é certo ou errado para se ter uma vida feliz. Não fume, alimente-se bem, faça exercícios: estes são os mandamentos do homem moderno. Uma vida boa é uma vida saudável e regrada. Só que, agora, não é a autoridade religiosa que dita às regras, mas médicos que se dizem portadores das verdades científicas. E a ciência, quando tomada como religião, é tão ou mais nociva quanto as Religiões "de fato", porque ela primeiramente nem é pra ser tomada como Verdade absoluta (tem sempre o "até que se prove o contrário"), mas muitos fazem disso o seu Dogma. Os dados científicos não são verdades definitivas. Um acaso que a própria estatística considera, ainda que de forma atenuada, uma vez que ele não pode ser dimensionado com precisão.
E apesar de todo apelo à saúde, de que se sigam corretamente todas as recomendações dos doutores do bem-viver, as pessoas continuam e continuarão a adoecer, novas doenças a surgir e mortes a ocorrer. E, se não existe acaso, então a
culpa por isto é da medicina e dos médicos. Se não o têm, deveriam ter o conhecimento necessário, cumprir a promessa feita!



